As amoras

Há muito, muito tempo as amoras não se vendiam em caixas de plástico nas prateleiras dos super mercados.
E eram doces.

Eu adorava amoras. E, uma das recordações mais fortes e mais queridas que tenho de infância, é a de andar a apanhar amoras. A equipa  era constituída por mim, pelo meu irmão e pelo meu tio. E lá íamos nós munidos de baldes e tesouras para apanhar as amoras. Tarefa nem sempre fácil, implicava muitos arranhões nas silvas e por vezes arriscar uma bela manobra de equilibrismo para não nos mandarmos para o meio da dita silva. O meu tio dizia: - Não comam tudo, para chegarmos a casa com algumas.
Mas nós comíamos, claro está. E mesmo assim chegávamos a casa com amoras.
A minha avó, que nunca ia connosco, mas gostava de se sentir parte da equipa, dava sempre palpites sobre os melhores sítios para apanhar amoras e falava-me  de como na terra dela, Vila Pouca de Aguiar, as amoras eram enormes e muito doces. E foram muitas as vezes que adormeci a sonhar com essas tais amoras gigantes!

Hoje vendem-se em caixas. 
O meu tio e a minha avó já não nos podem dizer onde são as melhores silvas.
Eu e o meu irmão já não apanhamos amoras.
Mas, de cada vez que as vejo nas prateleiras dos super mercados fico com o coração apertado.

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