Eu a foto. Tu a música

Fotografias com Banda Sonora.

Quando se olha para o quadro de O grito de Munch é inegável que todas as pessoas ouvem um som. Uns podem ouvir um grito mais agudo e outros mais grave. Para alguns soa desesperado, para outros não passa de um suspiro. Pode parecer um grito de horror, ou também de surpresa. O certo é que quando vemos o quadro de Munch, ouvimos. Isto não acontece só com este quadro, há imagens, cidades, objectos, que nos sugerem sons, canções. Há outros que nos transportam no tempo a festas, a conversas ou a discussões. No cinema, por exemplo, é impensável conceber um filme sem pensar na banda sonora. Associamos canções a sequências específicas, sem ir mais longe basta lembrar-nos da cena do duche em Psycho, e vem-nos logo à cabeça o som agudo e estridente dos violinos que adivinham um desfecho funesto, obra brilhante do compositor Bernard Herrmann. Esta actividade que se desenvolve ao nível do subconsciente nem sempre é consciente para a maioria de nós, quer dizer, não pensamos no nosso subconsciente como motor que se diverte unindo sons e imagens e onde a nossa participação se limita a ceder um espaço no nosso cérebro para que este fenómeno aconteça. 

Claro que, para que isto aconteça o nosso subconsciente também precisa de ser estimulado. 

Foi a partir desta premissa que sugeri à Elisa que colaborássemos num projecto a que viríamos a chamar “Eu a foto. Tu a música”. A ideia é divertir-nos no processo de procura da fotografia, tarefa atribuída à Elisa, e da música a condizer que me caberá a mim. Será uma espécie de galeria fotográfica sonora, com fotografias originais da Elisa e músicas, que não sendo compostas por mim, serão certamente originais na sua eleição. E assim nasceu esta colaboração entre o Rolo Encravado e A Rapariga Com o Ouvido Afinado, dois blogs que procuram desviar a atenção da crise, das revoluções no oriente, do vizinho do lado que teima em fazer barulho às cinco da manhã, da senhora da limpeza que te leva os 30€ e te deixa a casa tal como a deixaste pela manhã, do gajo que te pisou no metro e não pediu desculpa, enfim dois blogs para nos entreter, para vos entreter.

Maria Luísa