A minha bisavó




A minha bisavó chamava-se Glória e nasceu em Vila Pouca de Aguiar.O meu tetravô era um senhor de posses e ela viveu sempre comodamente. A mãe morreu era ela criança, foi por isso criada pelo pai, irmãos mais velhos e pelas criadas, como na altura se chamavam.
Quando já era adolescente apaixonou-se por um rapaz lá da terra, mas que, coitado, não tinha onde cair morto. O meu tetravô opôs-se ao casamento. Como sabia que a filha era teimosa e não se ficava com facilidade, mando-a passar uma temporada a um convento.
Lá a Gloria aprendeu os segredos dos doces com as freiras e embora eu já não seja desse tempo, acho que ela cozinhava divinamente e sem receitas!
O convento não foi suficiente. Um belo dia o irmão mais velho da Glória que era padre e fotografo e falava japonês, estava a beber um copo quando alguém o veio avisar que a irmã tinha fugido do convento e estava a casar.
Lá foram todos a correr, o pai e os irmão,mas quando chegaram já ela estava casada. A festa, apesar das posses escassas do marido, durou 3 dias! Acho que antigamente era assim, o pessoal da aldeia contribuía todo e era festa da rija!!
Passado pouco tempo emigraram os dois para o Brasil. Por lá ficaram uns anos. Tiveram 3 filhos. Quando o meu bisavó morreu, ainda jovem e com os filhos pequenos, a Glória, que nunca gostou de viver no Brasil, vendeu as terras que entretanto tinham comprado e regressou a Portugal para a sua terra natal.
Uma vez lá comprou um prédio e abriu o Hotel Trasmontano. Quando fechou foi transformado na prisão de Vila Pouca de Aguiar, depois chegou a ter uma sapataria no rés do chão e actualmente está abandonado.
Um dos irmãos da minha bisavó era viciado no jogo e ela viu-se obrigada a vender o Hotel. Por causa deste vício a família ficou arruinada e eu nunca pude jogar às cartas em frente da minha avó.
Nesta altura a Glória decidiu ir viver para o Porto para junto da filha e da neta. 
Sempre teve muito jeito para contar histórias e sempre gostou de viajar. Graças ao hotel conheceu muita gente e nos últimos anos ia sempre com a a minha mãe passar férias para casa de amigos espalhados pelo país.
Morreu aos 87 anos de morte natural. E fez isto tudo.

Comentários

  1. Será que nós quando formos avós teremos histórias tão bonitas como tiveram os nossos avós e tetravós?
    Gosto muito de histórias de família e gosto que que alguém as mantenha com vida.
    Bonito Elisa!

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  2. Acho que há histórias que merecem ser contadas!*

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