Skipper e as dúvidas existenciais


            Comprei a minha Skipper numa loja em Tui. Existem duas teorias sobre a origem da Skipper: inicialmente foi vendida como a irmã mais nova da Barbie, mas depois surge o boato de que é sua filha. Eu apoio a versão da gravidez adolescente.
             Os modelos disponíveis eram poucos, na altura da dita compra foi-me dado a escolher entre a Skipper Ginasta, que trazia montes de acessórios fixes e a Cintilante. Atendendo ao facto da mãe Barbie e o pai Ken serem cintilantes (envergavam roupa que cintilava no escuro) optei por escolher a filha a condizer. O processo de escolha veio a revelar um sério problema familiar, se comprasse a ginasta, como poderia a filha acompanhar os pais às diversas festas que eles frequentavam?
            Bem, enquanto eu me deparava com este dilema os meus pais iam enchendo o carro de produtos de mercearia, que na altura valiam a ida a Espanha. Ainda alguém se lembra dos postos fronteiriços? Aquelas casernas manhosas com guardas igualmente manhosos... pois fomos mandados parar na fronteira! O meu pai sai do carro para abrir a mala e oh boy!! o sr. Policia passou-se e claro andava ali a tentar negociar uns produtos para o próprio. Quando viu que não ia longe, aquele grande filho da puta começa a insinuar que juntamente com a mercadoria teria de apreender a minha boneca. O que ele não sabia é que a dona da boneca  revelava já nessa época uma mente com tendência a dúvidas existenciais. A verdade é que a Skipper ginasta com os seus acessórios giros não me saia da cabeça, e aquela cintilante ..não sei, estava em dúvida! Não me parecia uma mais valia para a família Barbie.
De repente tudo se encaixa! A cintilante  fica na fronteira (fixe!!) eu faço-me de triste até ao Porto, recebo a outra Skipper na próxima vinda a Tui e pelo meio ainda sou capaz de conseguir um vestido novo para a Barbie(que requinte de maquiavelismo), porque coitadinha de mim, esta situação era muito traumatizante!! O plano parecia-me perfeito!
            Bem, algures nesta fase o meu pai passou-se e disse ao guarda que ou passávamos com tudo, ou ele ia para trás e devolvia a mercadoria, mas que lá não deixava nada!
            Pronto lá viemos embora com as compras e a Skipper, que ainda por cima não era cintilante! Simplesmente reluzia ligeiramente no escuro!

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