Já deitaram hoje?
Quando era pequenina, a minha avó Maria levava-me sempre com ela quando ia votar.
Era um momento solene e de grande importância para a minha avó. Não que ela gostasse de política ou francamente estivesse muito interessada no caso. Mas, era chamada a dar opinião e isso ela adorava!
Vestia uma roupa bonita. Penteava o longo cabelo em puxo. Pegava na neta e ia deitar o voto. Era assim que ela dizia a toda a gente: que ia deitar.
Aquilo do deitar ficou esquecido na minha memória durante anos. Apesar de que, sempre que vou votar, me vem à memória o caminho que percorria de mão dada com a minha avó para ela ir deitar.
Há uns dias, assim do nada e sem nunca ter utilizado tal expressão antes, a minha mãe vem pedir para confirmar onde é que ela tinha de ir deitar. E eu achei piada e pensei que deve ser daquelas coisas que nos vão acontecendo com a idade.
No dia seguinte, estou eu a levar o mais velho à música e sou cercada por aqueles grupos de pessoas que, nestas alturas das eleições, cercam as pessoas para dar a conhecer a palavra do senhor. O que se candidata ao lugar de presidente da câmara. E então eu disse: não vale a pena que eu não deito aqui.
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