O Terço

Desde que me dediquei ao mundo confeiteiro tenho vindo a reparar na pressa que abraça determinadas pessoas. O grupo mais emblemático é constituído maioritariamente por mulheres bem acima dos 70 anos. Inacreditável a pressa que aquelas mulheres têm! Tudo de pressa! Tudo! Principalmente aos domingos, o balcão dedicado aos cafés parece wall street  em hora de ponta. Tipo experiência antropológica, decidi dedicar parte da minha atenção à causa ou causas de tamanha pressa. Hoje cheguei à primeira conclusão, que é mais ou menos esta:

Entram duas velhas (e não, não é pejorativo) a passo acelerado. Ainda na porta começam aos berros a dizer que querem café e que uma delas quer café cheio em chávena quente ( a este tópico irei chegar um dia... ), mas que vai à casa de banho mas que quer já o café. Uma das velhas pára junto ao balcão e a outra continua a passo acelerado no caminho da casa de banho e pelo meio vai contra um dos funcionários e continua a andar como se nada fosse. Eu, já encostada à parede (cheia de medo!) só penso que se observar bem vou conseguir chegar à causa. Não é necessário, porque a que ficou no balcão e já tomou o café manda alta cotovelada à que tinha ido à casa de banho e diz-lhe:

- Anda despacha-te! É que ainda temos de ir para o terço!

Eu, que nunca fui ao terço (mas, acho a peça em si fascinante) sempre imaginei como um período de reflexão e paz. Mas afinal é como a droga! Viciante e dá cabo dos nervos!

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