Twin Peaks: a teoria

Com este regresso do Twin Peaks estão de volta todas as teorias do universo de David Lynch. O que me apraz. Já conheci gente que viu o Mulholland Drive por partes. Entravam e  saiam. Voltavam  no dia seguinte só para ver os últimos 5 minutos para decifrar a coisa. Voltavam a entrar. Voltavam a sair. O universo é complexo, as teorias são imensas e a interpretações também. Para mim o universo Lynchiano começou quando vi o Blue Velvet. Foi um universo de coisas novas que se abriu, ali mesmo diante dos meus olhos!

Mas isso veio depois do Twin Peaks.

No Twin Peaks eu era uma pré adolescente a iniciar as crises de identidade que ouviu falar da série na escola. Os meus pais também ouviram falar e eu estava proibida de ver a coisa. Para sorte minha a série dava super tarde e os pais pais deitavam-se cedo. Então eu fazia que dormia e lá me esgueirava para a sala e via aquilo às escuras. Depois tinha de voltar a subir as escadas. Às escuras. Nunca fui muito valente, por isso meus amigos nem vos digo a coragem que era preciso!!!!

No dia seguinte não falávamos de mais nada. E era fixe. Ninguém entendia o universo do Lynch. Aliás, ninguém sabia bem quem era. Era a série proibida. E o mistério da morte de Laura Palmer que nos movia.

Depois, um belo dia fui apanhada. E, acho que foi a primeira vez que realmente tive de chegar a um acordo com os meus pais. Provar que, ao contrario do que se dizia, eu já era bem crescida para ver. Foi uma debate complicado, mas lá fiquei autorizada.

Para mim o Twin Peaks é isto. Sinto muito por não contribuir com mais uma teoria para a sala vermelha.